Por Julio Gomes
Na semana passada, em uma bela manhã, surgiu uma faixa para uso exclusivo de ciclistas na Av. Lomanto Junior, no bairro do Pontal, mais exatamente no trecho que vai desde a saída da Ponte até o semáforo existente na entrada da Sapetinga. A ciclo-faixa não é nenhum primor de engenharia, mas atendeu aos anseios de se iniciar, em Ilhéus, a implantação de opções para uso deste tipo de veículo, civilizando e modernizando o tráfego em nossa cidade.
Para surpresa de toda a população, soube-se depois que a ciclo-faixa não fora pintada pela Prefeitura, mas por ativistas do ciclismo e por pessoas ligadas ao Reúne Ilhéus, aquele mesmo grupo que, no ano passado, protagonizou a ocupação da Praça da Prefeitura em uma tentativa – infelizmente frustrada – de obter a redução do valor das tarifas de ônibus urbanos.
Entretanto, causou surpresa ainda maior a reação da Prefeitura diante do fato: Por meio de diversos pronunciamentos de pessoas do primeiro escalão tentou, de todas as formas, desqualificar a iniciativa popular; e pior, punir àqueles que tiveram a iniciativa de fazê-la.
Foi exatamente esse o caminho trilhado pelo Município de Ilhéus, que ao fim da semana passada notificou formalmente um dos autores da iniciativa e ameaçando-o com multa, caso a faixa não seja “retirada”.
Infeliz governo o de São Jorge dos Ilhéus! Não faz e, quando alguém tenta fazer, pune como forma de coibir a iniciativa popular, em uma tentativa desesperada de manter tudo no marasmo em que se encontra, para que sua incompetência na gestão pública não venha à tona, não apareça diante dos olhos do povo.
Cumpre lembrar que nas gavetas da prefeitura de Ilhéus encontra-se esquecido um projeto de construção de ciclovia ao longo da Av. Lomanto Junior – de ciclovia, que é infinitamente melhor do que ciclo-faixa. Por este projeto seria construída, ao lado do calçadão e sobre o as rochas dispostas entre este e o mar, uma pista para o uso exclusivo para bicicletas.
Esta ciclovia teria a vantagem de separar as bikes tanto dos pedestres, que caminham sobre o calçadão; quanto dos veículos motorizados, que teriam as pistas da Lomanto Junior exclusivamente para seu uso.
A construção desta ciclovia não seria cara (para padrões públicos), não esbarraria em desapropriações e aumentaria a funcionalidade e beleza da orla do Pontal, modernizando-a.
Talvez por isso mesmo a Prefeitura Municipal de Ilhéus jamais venha a construí-la: porque é barata e útil.
Ao invés disso, é mais prático criticar publicamente, nos meios de imprensa, as pessoas que tem coragem de propor e fazer algo de novo, ousado e bom por Ilhéus, e de puni-las por sua iniciativa.
Porém – gestores municipais e povo de Ilhéus – ainda é tempo de rompermos com o autoritarismo obtuso e anacrônico; e trilharmos o caminho do progresso, da priorização do bem público, da sustentabilidade e da modernidade. Basta querer!
Julio Cezar de Oliveira Gomes é Professor, graduado em História; e Advogado, graduado em Direito, ambos pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz.
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