A região sul-baiana, berço de grandes escritores. Passa por um momento de baixa estima, motivada por uma forte crise econômica. Apesar de grande parte dos nossos jovens estarem nas escolas, constata-se a falta ainda de algo que faça as escolas cumprir verdadeiramente a sua função. O conhecimento é a maior riqueza que a sociedade pode ter com ele a compreensão do papel exercido pelo homem é ampliada, dando-lhe à condição de transformar a atual realidade.
Por quê? Em uma região tão rica naturalmente e culturalmente existe ainda tanta pobreza e ignorância? O que falta para que possamos nos encontrar com o crescimento e a prosperidade ?
Nos últimos anos muita coisa mudou. A tecnologia avançou rapidamente os bens de consumo se multiplicaram. Na infância de minha avó, não existiam nas casas: televisores, geladeiras, sabonete era luxo. A energia elétrica só chegou a partir dos anos cinquenta lá em Macuco. Família de agricultores tinham como principal fonte de alimentação, o próprio cultivo.
Os anos passaram e aqueles pequenos povoados surgidos em meio a mata atlântica são os atuais municípios que formam a nossa região. Em 1930 a região cacaueira da Bahia tinha como sede a cidade de Ilhéus. A recém-emancipada Itabuna apesar de relevante importância tinha ainda pouca estrutura, a exemplo: de escolas, hospitais, saneamento básico, etc.
Acontecimentos políticos do ano de 1930 (revolução de 30) levam Eusínio Lavigne a Intendência do município de Ilhéus, que abrangia naquele momento os atuais municípios de Uruçuca, Itajuípe, Aurelino Leal, Ubaitaba, Coaraci, Almadina, Itapitanga, Barro Preto. Eusínio fez uma administração de auto nível, realizando obras fundamentais para o desenvolvimento de todas essas localidades.
A administração de Eusínio foi um marco em toda região. Homem integro, tudo que fez foi de forma responsável e com grande competência. A sede da cidade de Ilhéus se resumia área de onde hoje é o bairro do centro da cidade. Com uma visão futurística Eusínio deu inicio a um processo solicitando a desapropriação de todas as áreas que até então eram sitios que circulavam a zona urbana da cidade (Conquista, Cidade Nova, Avenida Itabuna, Malhado, Barra, entre outras). Contratou uma empresa de engenharia para que fosse elaborado o primeiro plano diretor da cidade.
A mentalidade de Eusínio Lavigne ia muito além do que realizações de obras de estruturação básica. Ele foi o primeiro prefeito a criar um plano de ação no sentido de desenvolver a cultura local. O seu projeto voltado pra educação é pioneiro. Sendo ele o criador do primeiro ginásio do interior da Bahia, para tal, buscou fazer nas condições ideais, salas com tamanhos adequados, observando também a intensidade da luz nas salas de aula, ventilação, tudo isso com estudos técnicos. O modelo de educação almejado por Eusínio é o que podia existir de melhor naquele momento, no local escolhido por ele estava previsto espaço para pratica de esportes e a construção de um centro cultural para os alunos.
O Estado Novo ( golpe de 37) no ano de 1937, afastou Eusínio da administração da cidade. Eusínio organizou os diversos setores da prefeitura, facilitando assim o trabalho do seu sucessor. Acontece que muitas das suas projeções, foram modificadas, comprometendo assim o êxito total na realização de tão nobre objetivo. Se tivesse uma continuidade no programa elaborado por Eusínio com certeza nossa cidade de Ilhéus viveria uma realidade bem melhor.
Com industrialização do Brasil a partir dos anos cinquenta modifica o panorama das cidades. Na nossa região as vilas crescem e emancipam-se, surgem os municípios que hoje formam nossa região. Os anos sessenta são marcados por um novo período de ditadura militar, que se estende até os anos oitenta.
Hoje trinta anos depois do fim da ditadura militar no Brasil. Vivemos em um estado democrático, onde manobras politicas como as que aconteceram em 37 e 64 não cabem mais.
Então a pergunta é: O quê está faltando para que tenhamos um plano educacional eficiente? Já que todos sabem que o caminho da transformação social é a educação, o que impede de trilharmos nesse caminho? Será que o exemplo e a luta de tantos que por aqui passaram não serve de nada? Será que estamos esperando que Eusínio renasça nas mesmas margens do Rio Almada para continuar a fazer as coisas como realmente devem ser feitas?
Fica a reflexão: 30 anos de democracia, aviões, computadores, e maquinas de tudo quanto é tipo, sabonete baratinho, “luz para todos” e mais tudo que ai está. Não tem sentido a pobreza e a falta de conhecimento. É hora de conhecermos nossa história e assim darmos continuidade ao que um dia já foi iniciado.
Ilhéus 2 de abril de 2013
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